terça-feira, 12 de abril de 2011

Comentário sobre a obra " Elogio da Loucura"


Caro leitor, hoje resolvi postar um comentário sobre uma obra literária de grande importância uma das sátiras mais brilhantes da história da literatura que foi escrito por Desidério Erasmo, humanista holandês, conhecido como filósofo humanista que viveu nos séculos XV e XVI. Erasmo, O Voltaire do século XVI, dominou o ambiente intelectual de sua época; de toda sua volumosa obra, porém, apenas o Elogio da Loucura escapou à obscuridade e ao esquecimento.

Em tom conversativo e provocador, Erasmo de Rotterdam cria um personagem muito conhecido, porém pouco discutido: a loucura. Indignada com a abstenção de elogios a seu respeito, a loucura resolve, por fim, elogiar a si própria e mostrar o quão presente está na vida da sociedade. Versando sobre os mínimos detalhes das ações humanas, ela mostra que está mais presente do que se imagina e revela-se de tal forma necessária e sedutora que acaba por atrair até a simpatia do leitor.

A loucura se diz habitar o casamento, os filósofos, a ciência, as artes, a religião. Em atitude ousada, diz-se, inclusive, regente de governos, da formação de cidades, das relações humanas, do senso comum. Afirma que boa parte da sociedade tal como ela existe em seu tempo se deve à presença da loucura. Os juristas, ao criar centenas de leis sem se preocupar com a relação que existiria ou não entre elas, estão embebidos na loucura. O aspecto encantador das crianças, que retarda todos a sua volta; a busca do jovem pelos prazeres da vida; a busca incessante por verdades e o complexo de sábio dos filósofos; as tentativas ridículas das mulheres para atrair os homens; a ignorância; a esperança, enfim, tudo isso existe graças a ela, a nada modesta loucura.

Teólogo e cristão, Erasmo ainda assim critica a religião, em especial a Religião Católica. Coloca a loucura como regente também desse meio como fator explicativo para as guerras em que a igreja se envolve, os impostos que cobra aos fiéis para que suas almas não sejam condenadas e o apego material dos bispos. Para tanto, busca respaldo em frases de importantes personagens religiosos para comprovar que a loucura era aceita como normal por Cristo e por religiosos.

Suas críticas à igreja católica tiveram tamanho impacto em sua época que levaram Lutero a convidar Erasmo a unir-se a ele no emergente protestantismo, convite esse que foi negado. Erasmo preferiu continuar em sua posição religiosa, criticando-a por dentro.

Nesse momento abro um parêntese (nessa época em que tive oportunidade de conhecer a obra de Erasmo eu era seminarista da Igreja Católica e me recordo que a minha turma que ficou na responsabilidade de encenar a obra foi muito pertinente ao momento. Recordo-me que eu fizera o papel de Cardeal e assim apontando as loucuras de ser considerado o príncipe da Igreja, outros amigos que diga-se de passagem também seminaristas fizeram o papel de Papa, Bispo, e a própria loucura. Ao mesmo tempo queríamos denunciar a verdadeira realidade da Igreja que ainda se perpetua pelo ditadura de seus dogmas e autoritarismo. Assim o fizemos por meio de uma sátira antiga mas muito atual em nossos dias. No fim desse artigo estarei postando algumas fotos de nossa encenação).

Apesar do vácuo temporal que nos separa de sua escritura, a obra Elogio da Loucura consegue manter-se igualmente relevante, denunciador e provocante na atualidade, mostrando consistência em suas ideias e estrutura. O leitor tem, assim, a oportunidade de mergulhar na história e transitar, simultaneamente, na realidade de Erasmo e na própria em que vive. Eis a riqueza da obra.

Essas fotos são de uma encenação na Faculdade, ilustrando a obra de Erasmo "Elogio da Loucura"

Papa : Silmar
Cardeal: Alexandre (eu)
Bispo: Alexandre Cruz
Loucura: Celso



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