segunda-feira, 11 de julho de 2011

Angustia e Liberdade por Jean P. Sartre

Caro leitor, a dias tento escrever algo sobre o que tenho sentido, mas as palavras fogem, os dedos ao tocar no teclado parecem não saber sua função, o interior do ser humano "eu" reflete algo porem, como devo expressa-lo? Noites escuras, pensamentos devaneios, dias claros com o sol em seu ápice porem em densas escuridão no interior do meu "eu". Tudo isso parece se perder em minha essência e em meu domínio. Então resolvi postar sobre a "Angustia" depois refletindo sobre ela, não seria uma tristeza, uma perda de mim mesmo? Não sei te responder nem o que tenho sentindo, mas de uma coisa eu sei... Uma hora tudo isso tem que passar.
Lendo um texto sobre a filosofia de Sartre, vamos dizer, amenizou a situação porem a minha liberdade parece não existir. Será que estou preso em mim mesmo? Será que estou preso em um sonho e quando eu acordar irei respirar aliviado? Mas porque não posso respirar alivio em minha suposta dormição?

Filosofia de Sartre, é profundamente marcada pela visão fenomenológica. O ser sartriano se desdobra em duas dimensões: o ser-em-si e o ser-para-si. . O ser-em-si, o fenômeno, opaco para si mesmo, simplesmente é, caracterizando-se  como uma realidade marcada pelo absurdo, pelo fechamento sobre si mesmo. O ser do fenômeno é posto pela consciência, o ser-para-si, definido “como sendo aquilo que não é e não sendo aquilo que ele é”. Para Sartre, a consciência é uma fissura dentro do ser: por ela irrompe o nada no mundo. Através dessa fissura o ser-para-si pode ultrapassar suas barreiras, caracterizando-se como possibilidade de transcendência do limite, como espontaneidade criadora. As duas dimensões do ser convivem no tempo e constituem a existência humana. A perspectiva de Sartre é materialista, portanto a consciência, por seu caráter intencional, de relação com o mundo, se identifica com o corpo. Devido à sua conotação corporal, o ser-para-si se caracteriza como ação e, portanto como liberdade. O que caracteriza o ser-para-si é a capacidade de fazer-se. O homem não é “aquilo que é”, ele se faz. A responsabilidade passa a ser, portanto, um ponto fundamental na filosofia de Sartre. Cada um é aquilo que se faz e não pode atribuir esta responsabilidade a Deus ou a uma natureza que o transcende e o precede. É neste sentido que a existência antecede a essência. “O homem (...) não é passível de uma definição, porque, de início, não é nada: só posteriormente será alguma coisa e será aquilo que ele fizer de si mesmo”. Existe uma “escolha original”, espontânea, no homem que antecede o próprio “querer”. Por não existir uma essência pré-dada, os valores são uma criação unicamente humana e não algo em que o homem possa apoiar-se para justificar suas escolhas. Isto não quer dizer que o existencialismo sartriano tenha uma visão amoral da existência, pois escolher é afirmar o valor do que estamos escolhendo e “nada pode ser bom para nós, sem o ser para todos”. Portanto, ao moldarmos nossa imagem, “nossa responsabilidade é muito maior do que poderíamos supor, pois ela engaja a humanidade toda”, ao escolher-me, estou escolhendo o homem. Para Sartre, o que dá sentido à existência humana é o compromisso com a história.

Como se insere, neste cenário, o problema da angústia? O homem, ao realizar suas escolhas, percebe que não é apenas o que escolheu ser, mas que é também um legislador; ele se depara com sua “total e profunda responsabilidade”. É esta percepção que faz da angústia uma condição inerente ao ser humano. A escolha pessoal adquire de fato uma dimensão transcendente. “Tudo se passa como se a humanidade estivesse de olhos fixos em cada homem e se regrasse por suas ações”. A angústia, no entanto, não impede de agir, ao contrário é a própria angústia que constitui a condição da ação, pois ela pressupõe uma pluralidade de escolhas possíveis. O caminho escolhido,  no entanto, não tem em si nenhum valor, a não ser aquele de ter sido escolhido. Ao fazer uma escolha, o homem introduz no mundo uma das tantas existências possíveis e nela engaja os outros homens. Diante disso, o homem experimenta a sua radical liberdade. Para Sartre Deus não existe, portanto tudo é permitido: “o homem está desamparado porque não encontra nele próprio nem fora dele nada a que se agarrar (...) não encontra desculpas”. 

Não existindo referência a uma natureza humana dada e definitiva, o homem é livre, ele é liberdade radical: “o homem está condenado a ser livre”. Escolher é sempre morrer, porque ao escolher uma das existências possíveis, estou ao mesmo tempo morrendo para todas as outras. Isto introduz uma situação de desamparo, pois somos nós mesmos que escolhemos o nosso ser. Neste no-sense está o sentido de nossa vida. “(...) O homem está constantemente fora de si mesmo; é projetando-se fora de si que ele faz com que o homem exista”.